Kizu e os outros três estacaram de repente. Yoru interceptara-os e olhava para eles com um ar reprovador e de desapontamento.
-O que é que vocês estão a fazer aqui? Tinham uma ordem directa para não intervir! Principalmente tu, Kizu, tinha-te dito para descansares! Estás quase sem chakra! Não me deixam alternativa. Quando conseguirmos resolver o problema da invasão vou ter de dar parte do vosso comportamento irresponsável à Hokage!
Himaru olhou, perplexo.
-Quem é esta mulher? - Sussurrou, assustado, a Paka.
-A nossa sensei - respondeu ele entredentes.
Todos engoliram em seco e entreolharam-se, percebendo que estavam metidos em enormes sarilhos.
-Mas sensei, nós queremos ajudar! Não conseguimos ficar assim parados enquanto eles destroem a aldeia! - Lliane parecia muito irritada enquanto tentava a todo o custo permanecer para lutar - Caso se tenha esquecido, eu e este rapaz - apontou para Himaru - fomos treinados em kirigakure! Ao contrário dos jounins de cá sabemos como é que eles lutam! E a Kizu e o Paka também são fortes. Ou já não se lembra das provas que passámos?
-Cala-te! - Yoru estava agora visivelmente enervada e tinha a expressão contraída. - Se ficarem aqui vão acabar por morrer todos, sem excepção! Será que vocês não pensam? A maior parte deles são jounins especiais contra os quais não podem fazer nada! Nunca pensei que fossem tão imaturos!
Kizu olhou para a sensei com uma expressão de temor. Já a tinha visto zangada, mas era a primeira vez que se irritava assim com eles. Himaru deu um passo em frente.
-Se me permite, eles têm o direito de estar aqui. Também são shinobis e eu já os vi lutar. Se não confia neles, tudo bem. Arcaremos todos com as consequências. Mas eu, não estando federado aqui, não tenho de cumprir ordens de konoha neste momento. A mim não me pode impedir de ficar. - Disse Himaru.
Yoru ficou ainda mais irritada. Na sua opinião, aquele era um que estava a precisar de uns tabefes bem pregados. No entanto, tinha razão. Não podia impedi-lo.
-E nós ficamos com ele. - Disse Paka, avançando também em frente.
-Estão todos loucos. - Yoru olhou para todos eles com uma irritação enorme.
-Sensei, desvie-se depressa!
Kizu lançou uma kunai e ouviu-se um barulho de metal a chocar no ar. As duas kunais caíram no chão e Yoru voltou-se para ver uma mulher com estranhas tatuagens nas pernas e braços e um sinal estranho na testa. Carregava nas mãos um par de sais enormes. Atrás dela vinham mais quatro pessoas com as caras cobertas, todos com as mesmas tatuagens.
-Oh não! São demasiados! - Sussurrou Yoru, que agora parecia assustada. Colocou-se sem uma palavra em frente do grupo em posição de defesa e sacou de uma kunai com que defendeu um ataque que uma das pessoas atrás da mulher lhe lançou.
-Saiam imediatamente daqui, eu consigo atrasá-los até estarem a salvo!
Os quatro recuaram um passo, surpreendidos com o ataque repentino, mas não arredaram pé. Kizu sentia-se tentada a confiar no poder do selo mais uma vez, mas tinha prometido não o voltar a usar. Apercebeu-se de como estava impotente naquela situação, tal como os outros três ao pé dela.
"Tenho de pensar em qualquer coisa, não podemos deixar a sensei a lidar sózinha com estes cinco!" O seu batimento cardíaco acelerou e um brilhozinho cintilou nos seus olhos. Sabia que não podiam usar a formação anterior com tanta gente, mas tinha uma ideia. Recuou uns passos para ficar escondida pelos corpos dos colegas.
-Kizu, nunca pensei que fosses tão cobarde! - Lliane estava indignada com a atitude da amiga, que parecia estar a usar os corpos deles para se proteger só a ela.
-Cala-te e ouve. - Kizu soltou um sussurro que só Lliane conseguia ouvir - Preciso de cobertura, se este jutsu resultar estamos salvos!
Lliane baixou o olhar e viu que Kizu tinha as mãos a formar um selo que ela nunca tinha visto, e os seus olhos tinham mudado do azul habitual para um tom rosado vivo muito brilhante.
-Kizu, isso é...
-Faz o que eu te digo! - Kizu olhou Lliane nos olhos, abrindo muito os seus, e sorriu de uma maneira reconfortante.
Lliane formou mais agulhas de água com as poças do chão e aguardou por um ataque.
-O que é que estão a fazer? - Paka não entendia porque tinham mudado de formação de repente.
-Acho que já entendi. Depressa, põe-te à frente delas! - Himaru tirou alguns shurikens da bolsa e, com as mãos, transferiu chakra para o metal até ficarem incandescentes.
Paka entendeu e carregou com electricidade algumas senbons. Era necessário atacar ao mínimo gesto dos inimigos e proteger Yoru, mas também ganhar tempo para que Kizu se preparasse.
A mulher com a tatuagem na testa correu para eles, enquanto uma das pessoas atrás lançava pequenos torpedos de água em forma de lâminas que atingiram Yoru numa perna e no ombro.
-Agh!- Yoru gritou de dor e caiu ao chão. Com um movimento quase invisível lançou a kunai na sua mão que, carregada com chakra, atingiu a pessoa que lançava os torpedos de água no coração. Incapaz de se desviar, essa pessoa caiu no chão sem vida e a máscara que trazia desfez-se. Todos ficaram arrepiados com o que viram. Essa pessoa era nem mais nem menos que um rapaz não muito mais velho que Kizu e os companheiros.
-Mandar um rapaz desta idade para uma guerra assim... - Yoru apertava a perna com um trapo rasgado da camisa, e falava com dificuldade - Kiri...gakure desceu muito... baixo. - Tossiu e um pouco de sangue saiu da sua boca. Tinha de se apressar a ligar as feridas ou estava condenada.
-Lliane, estou quase pronta, por favor vai ajudar a sensei! - Kizu parecia estar a ser batida por um vento que mais ninguém sentia. O cabelo esvoaçava e as fitas pendentes da headband acompanhavam o seu movimento.
Os outros três shinobis mascarados avançaram atrás da mulher, que estava quase a alcançá-los.
-Chi senbon! - As agulhas carregadas de electricidade paralisaram outro dos invasores sem o matar. Paka correu para o ninja e retirou a máscara dele. Era uma jovem com cerca de 14 anos e várias cicatrizes no pescoço e maçãs do rosto.
-Não compreendo. Não compreendo! - Himaru gritava, enervado. - Eles tinham prometido que não iam enviar gennins para esta guerra, mentiram-nos!
Lliane também estava triste. Os dois ninjas abatidos e, muito provavelmente, os outros que ainda estavam de pé, tinham sido seus colegas e de Himaru na academia.
-Acabei! - Kizu levantou-se da sua posição agachada. - Não se preocupem, isto vai só incapacitá-los, não os vai matar. Mass cyclone kaze kyuu!
O pequeno tornado formou-se nas mãos de Kizu e cresceu a uma velocidade assombrosa, tornando-se uma esfera prateada de chakra e vento perfeitamente sólida. A esfera expandiu-se e alcançou a mulher no preciso momento em que o seu sai ia tocar o pescoço de Yoru, e esta ficou inanimada no seu interior, enquanto uma corrente de chakra passou em direcção a Kizu. Desta saíram outras duas esferas que capturaram os outros dois mascarados e de novo saíram fios de chakra que se uniram ao primeiro. Kizu fez uma ligeira expressão de dor devido ao chakra, mas ao mesmo tempo tinha um sorriso de vitória. Cambaleou por um momento e o jutsu desfez-se. Por todos os lados apareceram gennins que também queriam ajudar, e, juntando-se aos renitentes jounins e chuunins, deram o seu melhor. Durante horas ficaram a lutar um pouco por toda a vila.
Paka olhou em redor, espantado.
-Não percebo, de onde saíram todos?
-Acho que vocês... - Himaru colocou a mão atrás da cabeça e sorriu - não foram os únicos a desobedecer à ordem.
Kizu e Yoru estavam quase a recuperar dos ferimentos e do cansaço. Lliane deitara-as lado a lado e ia verificando se precisavam de alguma coisa, enquanto observava os duros combates que se desenrolavam um pouco por todo o lado. Konoha parecia estar a oferecer uma dura resistência, e os ninjas da névoa recuavam aos poucos para fora das fronteiras. Himaru e Paka, que ainda tinham quase todo o seu chakra, juntaram-se aos combates seguintes, deixando as raparigas a descansar. Kizu articulou qualquer coisa após abrir os olhos.
-Eu sabia, sensei... sabia que era capaz. Levou a mão ao selo. Este não ardia nem estava a espalhar-se, mas as feridas de Kizu saravam, um pouco mais lentamente que o costume, deixando a pele reparar por si.
"Aquele poder inacreditável... parece que finalmente ele conseguiu. Levou o kekkei-genkai ao desenvolvimento no seu estado mais puro... sem a ajuda do selo... talvez estes miúdos tenham verdadeiro poder afinal."
As batalhas continuaram pela noite dentro, mas ao nascer-do-sol já tudo tinha acabado e os feridos estavam a ser tratados no hospital de Konoha. Tsunade supervisionava os casos mais graves, quando viu que havia um quarto onde estavam imensos gennins, mas nenhum com feridas profundas.
"Gennins? Isto é inacreditável! Tinha dado ordens expressas para que nenhum intervisse!" Tsunade avançou furiosa para o quarto e trancou a porta atrás de si.
-Muito bem, de quem foi a ideia genial de se arriscarem desta maneira? - A Hokage vociferava com uma voz de gelar o sangue nas veias. - Sabiam as vossas ordens! Vão ser todos obrigados a cooperar na reorganização da vila e nenhum de vocês vai deixar o hospital sem me apresentar as suas desculpas pessoalmente e apresentar uma boa razão para não ser suspenso ou voltar para a academia!
Nenhum dos estudantes parecia ter acabado de ouvir a sentença de Tsunade. Todos tinham sorrisos de satisfação estampados no rosto e a sensação de dever cumprido. Tsunade, percebendo que não iria conseguir demovê-los da sua felicidade qualquer que fosse o castigo, saiu e trancou a porta.
"Talvez não os devesse ter proibido. Já devia conhecer esta geração de ninjas, são os mais irrequietos desde sempre nesta vila... tanto faz. Sou forçada a admitir que esperava que eles atrapalhassem, mas na verdade, e fiquei admirada, ajudaram muito. Quando todos eles crescerem pergunto-me o quão fortes se conseguirão tornar."
Nesse momento, Himaru levantou-se da sua cama e encaminhou-se elntamente para a porta. Não tinha de prestar declarações a ninguém e era livre para partir.
-Himaru, onde vais? - A voz de Lliane chamou a atenção de Kizu, que descansava com os olhos fechados. As duas sentaram-se nas camas à espera de uma resposta.
-Não sei muito bem. - A voz do rapaz soava um pouco confusa. - Talvez volte para o país das ondas.
-Porque não ficas? A vila pode acolher ninjas de outras vilas, tenho a certeza que serias bem-vindo depois do serviço que prestaste! - Kizu não acreditava que Himaru ia embora.
-Não posso. Tenho saudades da minha família, nunca mais lhes falei desde que fugi, e além do mais estou a pensar ensinar algum ninjutsu aos habitantes. Pode ser que um dia o país das ondas desenvolva até uma aldeia ninja, quem sabe? A questão é... não posso ficar aqui. Foi bom rever as duas e conhecer todas estas pessoas, e até há coisas que eu gostava de ter tido tempo de dizer... - corou e olhou disfarçadamente para Kizu - mas não vale a pena parar aqui. Espero que vocês percebam. - Saiu pela porta fora e todas as atenções se voltaram, então, para Kizu, que ainda estava em choque.
"Será que... não pode ser..." Kizu sentiu-se confusa. Seria verdade que Himaru gostava dela e nunca lhe dissera? Limpou uma pequena lágrima ao canto do olho, provavelmente nunca mais veria Himaru e prezava muito a sua amizade, apesar de não gostar dele da mesma forma.
-Quem diria... - Lliane sorriu para Kizu. Sempre soubera de tudo, mas manteve o segredo.
Kizu deitou um olhar de relance pela janela ao lado da sua cama. Iria, de certeza, sentir a falta daquele miúdo.
o desenho vem depois, estive tão ocupada a ver death note e a pensar no filler que nem tive tempo de o fazer