Capítulo 6
*para enquadramento nas cenas anteriores ler os outros fillers, o treino 1 e os últimos fillers do tony, por esta ordem*
-Pessoal, sem querer apressar nada, já que o Paka devia ficar aqui mais algum tempo até recuperar, pensei que podíamos tentar decifrar os pergaminhos que estavam nas kunais que recuperámos, até é uma boa maneira de estarmos entretidos! - Opinou Kizu.
-Kizu, não andarás a passar demasiado tempo com o ergomaníaco do teu irmão?- Respondeu Lliane.
Kizu estranhou. Agora que se estava a habituar a não dizer que era do mesmo clã de Yuuji, aquelas palavras pareciam-lhe estranhas. Mas achou piada por Lliane lhe ter chamado ergomaníaco.
-Talvez, mas de qualquer maneira enquanto ele estiver aqui não vamos em missões, podemos ocupar o tempo!
-Talvez não seja assim tão mal pensado... mas eu não tenho aqui o meu pergaminho. - Lembrou Paka.
Kizu retirou um rolinho de papel do bolso da frente das suas calças.
-Estás a falar disto? Trouxe-o, pensei que pudesses querer ocupar o tempo com alguma coisa...
Paka suspirou. Tinha acabado de perder o único álibi que tinha para não decifrar aquilo naquele momento. Pegou no pedaço de papel e desenrolou-o no colo. As duas raparigas fizeram o mesmo e os três mostraram surpresa.
-É impressão minha ou esta coisa está em branco? - Ironizou Kizu-
-Ou isso ou estamos os três cegos, porque tenho a impressão que o Paka também não deve ver grande coisa no dele. - disse Lliane, enquanto espreitava o pergaminho do colega.
-É óbvio que isto deve ter alguma coisa, - disse Paka, empurrando para o lado a cabeça de Lliane - um código oculto ou assim...
Mirou a folha de vários lados e ângulos e contra a luz do Sol, mas continuou na mesma.
-Geez, parece que a nossa sensei é tramada para os enigmas... e para nos dar trabalho...- Kizu coçava a cabeça enquanto procurava nem que fosse um mosquito no pergaminho.
-Espera, vamos ver se com a vela resulta. - Lliane levantou-se da borda da cama e foi até ao parapeito da janela. Pegou num fósforo e acendeu um coto de vela que estava num castiçal. Aproximou o pergaminho da chama com cuidado para não o queimar, mas tudo o que conseguiu foi deixar o outro lado da folha um pouco mais chamuscado. Sacudiu a fuligem.
-Parece que não é sumo de limão nem tinta invisível, senão tinha aparecido.
Paka procurava por alguma ponta dupla do seu pergaminho por onde pudesse puxar para aceder à segunda camada do papel, mas sem sucesso. Kizu examinava a borda colorida do pergaminho para encontrar algum símbolo ou letra escondida na parte escura, mas também não dava em nada.
-Se a sensei não tivesse falado num código eu podia jurar que esta coisa está em branco... - Kizu perdia as estribeiras a tentar encontrar vestígios mínimos de uma mensagem no papel imaculado.
-Kizu-san, - chamou uma enfermeira - o Kakashi-san diz que precisa de falar consigo.
-Oh, obrigada, já lá vou ter. - Respondeu Kizu, admirada. Nem desconfiava o que Kakashi lhe queria dizer.
-Bem, continuamos depois. Agora vou ver o que é que o Kakashi-sensei quer falar comigo. - Saiu do quarto. Kakashi esperava-a no corredor.
-Ah, Kizu-chan, não é? - Kakashi desencostou-se da parede e olhou para a rapariga. Quase se percebia um vago sorriso por detrás da máscara.
-A Hokage-sama pediu-me que falasse contigo.
-Certo, Kakashi-sensei, mas o que se passa?
-Bem, sabes, durante a prova entraste, como te deves lembrar, numa espécie de transe devido a essa marca que tens no pescoço. - Apontou para o selo maldito. - Por aí concluímos que a pessoa que te raptou foi o Orochimaru, um grande inimigo da vila, que coloca selos malditos como esse nas pessoas. No teu caso deve ter tentado aplicar os genes do selo em ti para verificar os seus efeitos num utilizador de kekkei-genkai, e daí a tua falta de controlo sobre ele. Como além do mais pode ser perigoso, falei com a Yoru e ela disse-me que o melhor a fazer era eu neutralizar o selo com um novo jutsu de selamento, bem mais seguro que os anteriores. Por isso, pedia que viesses comigo para parar essa marca o quanto antes.
-Certo, mas... como é que sabe tanta coisa sobre mim? O meu processo é confidencial!
-Oh, bem... como Jounin e, principalmente, como único na vila capaz de executar a técnica de selamento, Tsunade-sama deu-me autorização para estudar melhor o teu caso.
-Ah, certo... então para onde vamos? Quero ver-me livre deste selo o mais rápido possível!
-Por aqui. - Conduziu-a a uma porta ao fundo do corredor e pediu-lhe que entrasse. Sentou-a no centro de um círculo no meio da sala e, à volta desse círculo, pintou com um pincel vários símbolos Kanji. Quando concluiu o último, todos os símbolos se iluminaram. Kizu retirou rapidamente a faixa que usava à volta do pescoço desde o incidente e colocou-a no chão. Kakashi retirou uma das luvas e caminhou em direcção à jovem. Carregou a mão com chakra e aproximou-a do pescoço de Kizu, que sentiu um ligeiro arrepio. De repente o selo maldito iluminou-se também e começou a espalhar-se. Kizu sentiu uma dor paralisante e quase caiu para o lado. Kakashi executou inúmeros selos com as mãos e depois voltou a tocar na marca, que se deteve e voltou para trás, formando uma estrela de cinco pontas. Voltou a brilhar e ficou naquela forma. Kizu levou instintivamente a mão ao pescoço, que lhe doía horrívelmente, mas quando olhou para a palma não tinha sangue.
-Já.. já está? - Perguntou a medo, enquanto tentava suportar a dor causada pelo selo.
-Bem, já fiz a minha parte - Respondeu Kakashi - Agora deves conseguir suprimir o selo só com a tua vontade. Podes ficar aqui enquanto a dor não passar, não deve demorar mais do que dez minutos a desaparecer. Depois também deves ser capaz de controlar melhor a tua linhagem sanguínea, então já não posso fazer mais nada. Sayonara! - Dito isto, saiu lentamente da sala.
-Hai, obrigada, Kakashi-sensei...
Voltou a colocar a faixa e pôs-se em pé, um pouco a custo. Não sabia como iria reagir à técnica de selamento, mas pelo menos sentia-se mais segura por não constituir um perigo para quem estava ao pé dela.
Uma semana se passou, e Paka teve alta do hospital. Ainda não tinham encontrado absolutamente nada e aquele era o último dia para decifrarem o suposto código. Kizu e Lliane entraram no quarto de Paka.
-Então, vais ter alta hoje? - Perguntou Lliane.
-Sim, os médicos disseram que já estou bem.
-Isso é muito bom! - Kizu sorria, feliz pelo companheiro de equipa.
Nesse momento, Yuuji entrou no quarto também. Não trazia o protector na testa, mas sim um par de óculos de protecção, nem o colete Chuunin, e Kizu estranhou pois àquela hora ele estava sempre a trabalhar.
-Ah, estás aqui, Kizu! De manhã desapareceste sem sequer tomar o pequeno-almoço... - Disse, todo suado e a arfar. Tinha certamente corrido toda a vila para a procurar. - Ah, olá Paka. Ouvi dizer que vais ter alta, é verdade?
-Sim, é... - Paka ainda se estava a refazer do susto por ter o irmão de uma das companheiras de equipa a entrar de rompante no quarto sem avisar.
-Yuuji, desculpa interromper, mas estou a achar estranho estares aqui, a esta hora estás sempre a trabalhar... - Admirou-se Kizu.
-Ah, isso foi porque Tsunade-sama achou que eu estava a trabalhar demais e deu-me um mês de férias... sinceramente acho que ainda podia estar a fazer qualquer coisa, estar parado é tão aborrecido!
-Eu disse, ergomaníaco! - Sussurrou Lliane ao ouvido de Kizu, que largou um risinho.
-Eu ouvi isso! - Yuuji olhou para Lliane com um ar reprovador, mas também a tentar não se rir da própria atitude face a umas férias.
-OK, maninho, não me vais dizer que vieste aqui só para dizer que estás de férias e nós não, não é verdade? - Kizu tinha uma pontinha de inveja do irmão.
-Ah, não, quase me esquecia... Paka, se quiseres podes ir viver para uma das casas no antigo bairro do meu clã, só eu e a Kizu é que lá vivemos e sempre fica menos vazio... além do mais fico mais seguro se souber que quem lá vive é alguém de confiança.
Paka admirou-se. Não estava habituado a que fossem tão gentis com ele e era bastante orgulhoso, mas não podia recusar. Nem que fosse a curto prazo, precisava de um sítio onde ficar.
-Vá lá, insistimos! - Kizu juntou-se ao irmão. Era preferível ter Paka a morar naquele bairro do que um desconhecido.
-Bem, assim sendo acho que não tenho escolha... - Paka colocou a mão atrás da cabeça e forçou um sorriso.
Lliane olhou para o relógio de parede.
-Céus, já viram as horas? É melhor irmos andando lá para fora, enquanto o Paka troca de roupa, e depois vamos todos almoçar ao Ichiraku rámen! O que me dizem? - Disse, bastante alegre.
-Pagas tu? - Yuuji virou o bolso ao contrário, que estava vazio, e riu-se depois. Lliane arregalou os olhos e logo se arrependeu da sua ideia. Kizu, Yuuji e Lliane saíram do quarto, fechando a porta atrás de si. Sentaram-se num banco na sala de espera, até que Paka se juntou a eles.
-Vamos andando? - Disse.
-Não levas as tuas coisas daqui? - Estranhou Kizu.
-Do que é que estás a falar? As únicas coisas que tenho agora são a roupa que trago vestida e... - apertou com uma das mãos o staff do seu avô, que trazia consigo.
"Mas porque é que eu não mando uma para a caixa?", pensou Kizu. "Espero que ele não fique todo saudosista porque senão ainda vai ser mais difícil de aguentar!". Não gostava de gente muito calada, mas saudosistas destruíam-lhe o sistema nervoso. Decidiu não voltar a abrir a boca para falar do assunto.
Chegaram à tenda do Ichiraku rámen pouco depois de começarem a andar, e ninguém disse mais nada.
"Lindo, Kizu, estragaste tudo outra vez!" Junto com os outros três, levantou o toldo da tenda, e não se surpreendeu ao ver Naruto.
-Ohayo gozaimasu, Naruto-kun! - Cumprimentou com um sorriso, enquanto sentia a sua cara a ficar mais corada a cada segundo.
-Ohayo! Olha, se não é o Paka! Estás melhor?
-Sim, tive alta hoje...
-Ainda bem, dattebayo! Têm-se dado bem com a vossa nova sensei? Ouvi dizer que ela é simpática!
-Eu diria que Yoru-sensei adora dar-nos tarefas para fazer... - resmungou Kizu - Primeiro mandou-nos roubar uma data de kunais, agora quer que decifremos pergaminhos em branco...
-Em branco? Posso ver isso? - Naruto estava agora curioso.
Kizu tirou o seu pergaminho do bolso e tentou que ficasse um pouco menos amarrotado. Sem sucesso, mostrou-o a Naruto. Este, ao ver o pedaço de papel, sorriu levemente.
-Então? - Intrometeu-se Lliane, curiosa. - O que foi, Naruto?
-Bem, só posso dizer que não esperam pela maneira de resolver os pergaminhos... Mas esperem só, logo vêem o que acontece, dattebayo! Agora, posso oferecer-vos uma rodada? - Exibiu a carteirinha em forma de sapo, bastante redonda - As últimas missões têm rendido bastante e nem eu consigo comer tanto rámen!
-Yoosh!!! - disseram os quatro. Tinham tanta fome que puseram a boa educação de lado e aceitaram logo o convite. Quando terminaram, Kizu levantou-se da mesa e agradeceu a Naruto. Os outros fizeram o mesmo e seguiram caminho para onde tinham combinado encontrar-se com Yoru para o segundo teste, dos pergaminhos. Yuuji separou-se e foi na direcção do bairro da família, para tentar que uma das outras casas ficasse habitável.
Kizu, Paka e Lliane olharam em volta. Yoru ainda não tinha chegado, então sentaram-se no chão com os pergaminhos abertos a tentar descobrir alguma coisa para não passarem uma vergonha. Ficaram assim por muito tempo, enquanto conversavam sobre como a sensei estava tão atrasada.
-Mas que raio, a sensei nunca ma...
O pergaminho de Kizu iluminou-se, e os outros dois também. Podia ver-se, brilhante, o kanji "invocação" rodeado por um círculo em cada uma das folhas. O vento tornou-se forte e uma cortina de fumo formou-se no centro do círculo formado pelos três. Quando o fumo se dissipou, viram que quem tinha aparecido era Yoru.
-Yoru-sensei? - Perguntou Lliane.
-Mas que raio, não me diga que era você que estava dentro dos pergaminhos... - Comentou Kizu, com um suspiro.
-Parece que era cedo demais para vos fazer este teste. Não conseguiram compreender a verdadeira mensagem dos pergaminhos... - Yoru olhou para cima e suspirou também.
Paka fitava-a com ar de interrogatório, sem dizer nada, como se esperasse que a mensagem aparecesse na testa da sensei.
-A mensagem estava escrita com chakra nesses pergaminhos, mas mesmo sem a terem conseguido ver, aprenderão a lição na mesma. - Concluiu.
-Afinal o que raios diziam os pergaminhos, sensei? - Perguntou Kizu, já irritada.
-Paciência.
-A sério, já fomos pacientes por uma semana, agora já nos podia dizer, não é?
-O pergaminho tem escrito a palavra "paciência", uma coisa que todos os ninjas devem ter para levar a cabo as suas missões... mas pelo aspecto do teu não me parece que tenhas sido muito paciente. - Olhou para o pedaço de papel amarrotado e com o que parecia ser uma marca de sapato feita por uma forte pisadela de nervos.
Kizu fez uma cara inocente e olhou para o lado, envergonhada.
-Bem, mas acho que depois de hoje os três aprenderam a lição. Sem paciência não desvendam código nenhum, isso de certeza! Agora vão às vossas vidas, antes que eu perca a paciência convosco.
Kizu riu-se. Nunca pensara que Naruto estivesse a falar a sério quanto ao facto de Yoru ser simpática, mas a verdade é que começava a perceber. E, realmente, o trabalho de uma sensei é dar trabalho aos alunos.
-Isto foi muito estranho - Comentou Paka.
-Olha quem fala... - Largou Kizu, que ainda não o vira ser simpático uma vez.
-Eu já tas dou... - Paka levantou-se e Kizu começou a correr e a rir ao mesmo tempo. Quanto mais conhecia a sua equipa, mais percebia que até com Paka se conseguia divertir e fazer amigos. Lliane, que ficara para trás, ria também.
- Spoiler:
desculpem a demora do desenho :3