ok, my turn!
No dia seguinte, numa modesta casinha do bairro Akayume, Kizu acordava. Espreguiçou-se, cheia de sono, e contornou aos encontrões as pilhas de objectos que se acumulavam pelo chão do quarto desarrumado. Deitou um olhar ao de leve para o despertador e esbugalhou os olhos enormes.
-Falta um quarto para as 9??? AAAAHHHH!!!!!!
Vestiu-se a correr e comeu um miso rámen de copinho que quase não teve tempo de aquecer. Felizmente que o seu bairro ficava perto do portão. Acelerou até ao lugar, ofegante. Kazuma, Maiko e Kimaru-sensei já lá estavam, à espera dela.
-Para a próxima vez vamos procurar alguém que não se atrase - Ralhou o sensei. - Mas pronto, já cá estão todos.
Kizu sentiu-se um pouco envergonhada. Os outros dois sorriram-lhe em sinal de compreensão, o que a fez sentir mais confortada.
-Desculpe, sensei. Deixei-me dormir. Faço o que for preciso para compensar.
Kimaru acenou negativamente com a cabeça.
-Não é preciso. Só chegaste um minuto depois deles. Agora o importante é ir em frente com a missão.
Estendeu-lhes três comunicadores e colocou um quarto no ouvido.
-Sensei, alguma ideia de como os vamos apanhar? - Perguntou Kazuma.
-Tive uma ideia! - Disse Maiko, entusiasmado. - Vamos colocar-nos perto das lojas que ainda não foram assaltadas. Se os ladrões forem apanhados de surpresa vai ser fácil. Se nos virem, comunicamos aos outros e perseguimo-los!
-De facto, é um bom plano... Muito bem, Maiko, vamos tentar fazer o que disseste. - Aprovou Kimaru.
O rapaz puxou os óculos para cima e sorriu, orgulhoso.
-Eu vou para a loja de equipamento, os ladrões usam armas e podem estar a ficar sem reservas. - Sugeriu Kazuma.
-Certo, eu vou estar a vigiar a rua da Ichiraku Ramen Shop. Há lá várias lojas que não foram ainda assaltadas. - Ofereceu-se prontamente Kizu.
-O.K., eu e o Maiko percorreremos a vila para cobrir as outras áreas menos comerciais, só para o caso de haver algo. - Disse Kimaru, fitando Maiko. - Concordas?
Maiko acenou afirmativamente com a cabeça e os quatro ninjas separaram-se.
Kizu andou algumas centenas de metros até à rua e sentou-se ao balcão da loja de Ichiraku.
-Teuchi-ossan, um tsukámen, por favor! - Pediu a rapariga ruiva, para quem a tigela do pequeno-almoço não tinha sido suficiente. Tirou da bolsa uma carteirinha redonda quase vazia. "Espero que isto se resolva depressa, com o Yuuji afastado das missões ou sou eu a ganhar dinheiro ou passo fome..." Colocou uma moeda em cima do balcão no momento em que a tigela fervilhante de tsukámen poisava com um barulhinho. Kizu sorriu e tirou um par de pauzinhos.
-Itadakimasu! - Pegou na tigela e colocou-a nos joelhos, para comer enquanto vigiava a rua. Apanhou uma rodela de naruto e comeu-a, divertida, entre pensamentos um tanto perversos.
-Hey, és uma ninja, certo? - Sussurrou-lhe uma voz ao ouvido.
Kizu voltou-se e viu uma figura irreconhecível. Parecia um vulto negro, esbatido contra a luz do Sol.
-Depende de com quem estou a falar - desafiou.
De repente, uma nuvem cobriu o sol, suavizando a luz envolvente, e Kizu pôde ver as feições de quem falava com ela. Era um homem na casa dos 30 anos, com um sabre à cintura, armado até aos dentes e um ar nada reconfortante.
-Como eu desconfiava. Está em missão. - Disse, entredentes. - Hey, rapazes! Temos aqui uma resistente!
Logo um grupo de 10 pessoas se juntou ao primeiro, cada um mais ameaçador que o outro. Entre eles estava uma mulher alta e magra, de ar austero e que carregava um pergaminho gigante às costas.
Kizu cerrou os dentes. Se aquele grupo não era responsável pelos assaltos, ninguém mais podia ser. Engoliu um último trago de caldo e cerrou também os punhos, colocando as mãos no punho e bainha da katana, esperando um ataque.
O grupo de ladrões começou a rir às gargalhadas.
-Viram-me esta miúda? Acha que nos pode fazer frente! É tão patética! - Disse uma voz ao fundo.
Kizu estava a perder a paciência. Não podia deixar escapar uma oportunidade assim de apanhar o bando, mesmo que fossem muitos. Levou uma das mãos ao intercomunicador para pedir reforços, mas um chicote certeiro rasgou a faixa que o prendia ao seu pescoço e fez o parelho cair ao chão. Quase completamente rodeada, Kizu fez um movimento rápido para sair do semicírculo que o bando formava em volta da loja, tentando causar o mínimo de danos possível.
"Felizmente não atingiram a minha segunda faixa. Se a marca de maldição se revelasse acabava tudo aqui.", pensou, alarmada. Aquele era um grupo perigoso.
-Muito bem, acabou a risota, rapazes. - Disse o primeiro homem, que parecia ser o líder do grupo. - Noko, trata desta peste para podermos prosseguir.
-Sim, senhor - Disse a mulher, dando um passo em frente. - Será um prazer.
Sorriu maliciosamente e desatou o pergaminho das suas costas com as duas mãos.
"É a minha oportunidade!!!", pensou Kizu para consigo. Sacou da katana muito rapidamente e correu na direcção do pescoço da mulher, tentando atingi-la antes que fosse tarde. Para sua grande surpresa, o pergaminho abriu-se a uma velocidade estonteante e foi em direcção a Kizu, cortando-a num braço com as suas bordas afiadas.
Kizu recuou uns metros. Com um controle daqueles seria difícil derrotar Noko. A ferida fechou em poucos segundos, mas ainda sentia a dor dilacerante. Kizu pensou que devia ter alguma espécie de químico que fizesse arder a pele. Colocou-se em posição de defesa e esperou uma investida. Estava melhor posicionada agora que sabia o que Noko podia fazer com o seu pergaminho.
A mulher fixou o olhar gélido nela por uns segundos e depois estendeu um dos braços. A ponta do pergaminho desfez-se em tiras que voaram na direcção de Kizu, espetando-se no chão à volta dela. Uma última tira atingiu-a em cheio na cicatriz, que voltou a abrir.
Kizu sentiu um arrepio e a sua força a esvair-se. Devia estar a sugar-lhe o chakra. Tentou tirar a faixa da pele, puxando-a, mas cortou os dedos e sentiu a mesma dor quando as feridas fecharam. Contra aquela oponente, a única reminescência que controlava do seu kekkei-genkai não lhe servia de nada.
-Desiste e talvez te poupe a vida. - Disse a mulher, ameaçando-a e aumentando o fluxo de chakra que recebia através do pergaminho.
-Nunca! - Berrou a ruiva, tentando pensar numa maneira de recuperar as suas forças.
-É isso! KAZE KYUU!!!! - Um pequeno ciclone envolveu a faixa, desfazendo-a em pedaços minúsculos e avançando pelo pergaminho. Noko tentou desprendê-lo das suas costas, mas não foi a tempo. O ciclone atingiu-a em pleno poder e a sua energia circulou pelo ar num redemoinho que retornou a Kizu, enchendo o seu corpo de chakra.
Tanto Noko como Kizu se contorciam com dor pela alteração do nível de chakra, mas Kizu tentava ignorar essa dor. Sabia que ainda podia ser atacada, então criou vários bunshins sem uma palavra, aproveitando a distracção da adversária.
Quando Noko abriu os olhos, confusa, não foi capaz de distinguir qual delas era a Kizu real. Cada uma lançou uma kunai direita ao pescoço. A mulher desviava-se a custo das lâminas falsas, que se desfaziam em fumo mal a sua ilusão tocava o chão. Em menos de nada, a kunai real acertou-lhe em cheio na traqueia, fazendo-a espirrar sangue. Caiu inanimada no chão, para assombro do resto do bando. Um burburinho inquietante percorreu o grupo, e o líder deu um passo em frente.
Kizu sorria, vitoriosa, mas sabia que não duraria muito mais. De repente sentiu as feridas arderem insuportavelmente e agarrou o braço com a mão também ferida, fazendo arder mais ainda. Deu um gemido de dor e caiu de joelhos no chão, junto ao comunicador.
Uma brisa soprou e os ladrões desapareceram num redemoinho de chamas frias. A rua estava deserta, todos haviam fugido para se protegerem. A rapariga rastejou até ao comunicador e ligou-o a custo.
-Minnassan... cuidado... são nove e perigosos, escaparam-me por entre os dedos... e podem transportar-se... - Sussurrou com esforço.
-Kizu, onde é que estás? Estou a ouvir-te mal! Kizu! O que aconteceu aí!
Kimaru chamava-a pelo comunicador, mas a kunoichi já não tinha forças para responder. Deixou-se ficar ali deitada por uns minutos, enquanto repunha a energia perdida usando o seu poder de auto-recuperação.
"Por entre os meus dedos, que humilhante... Hei-de apanhá-los, é uma promessa! Para a próxima vez terei de trabalhar em conjunto com alguém. Sozinhos vamos acabar derrotados."
Levantou-se e cambaleou, apoiando-se a uma parede. Sacudiu a cabeça e começou a andar, voltando as costas ao cadáver de Noko, cujos olhos extremamente abertos arrepiavam a espinha.
Não reparei se é uma cartinha ou um testamento, mas foi o que se conseguiu
Bem Luys agora é contigo! ^^