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 Filler 5 - Lâminas Passadas

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Ikara
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Ficha do personagem
Nome do personagem: Sasunari Ikoni
Ranking: Gennin
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Filler 5 - Lâminas Passadas Empty
MensagemAssunto: Filler 5 - Lâminas Passadas   Filler 5 - Lâminas Passadas EmptyQui Mar 05, 2009 11:49 am

Filler 5 - Lâminas Passadas

Encostada ao balcão da cozinha, revirando na sua mão direita uma caixa de comprimidos meio vazia, meio cheia, Sasunari fixava o vazio. Sentia-se ligeiramente zonza, mas não sabia se aquelas tonturas justificariam tomar alguns comprimidos naquele preciso momento. Até porque a última coisa de que ela necessitava era ir para uma missão sob o efeito da medicação. Fechou os olhos, inspirando profundamente e inalando o odor familiar e incómodo daquela que fora a sua casa desde que se lembrava. Começava a concluir que estaria condenada a viver naquele local para o resto da sua vida. Independentemente do que fizesse ou para onde quer que fosse, acabava sempre naquele local. Quase como se alguém a forçasse a guardar aquele local. Maldito Oushi…

Desencostando-se do balcão, Sasunari pegou na sua mochila por uma das alças e içou-a até ao topo da mesa à sua frente. Pousou-a com um ruído surdo e guardou os comprimidos num dos bolsos laterais. Quase sem dar por isso já estava a fazer contas de cabeça: uma embalagem na sua bolsa de armamento, mais outra na sua mochila… Seria suficiente para a missão? Afinal de contas não sabia quanto tempo ficaria longe de Konoha…
Abanando negativamente a cabeça, alcançou novamente o armário e retirou mais duas embalagens de comprimidos. Só para prevenir…

Ao cerrar o fecho de correr, uma sensação estranha invadiu o seu peito. Seria expectativa?
Colocou a mochila às costas mais uma vez. Respirava pesadamente, tentando pensar no que faria a seguir. Provavelmente seria melhor dirigir-se para o portão principal de Konoha. Afinal de contas, a hora da partida estava cada vez mais próxima…

Já á frente da porta de entrada, a colocar a mochila nas suas costas, Sasunari deixou os seus olhos admirarem a escura, deserta habitação atrás de si. Observou, por uma última vez, o local em que vivera desde sempre. Apesar de tudo, sentiria falta daquele local e das memórias que ele lhe trazia. Das memórias que construira naquele local, juntamente com Oushi. Apercebia-se de que aquelas breves semanas a iriam preencher com uma saudade quase infinita. A falta que iria sentir do cheiro daquela casa, do sol morno de Konoha a queimar-lhe a pele, de todas as oportunidades que tivera ali.

Num movimento solene, recheado de uma despedida melancólica, apertou o punho em torno da maçaneta da porta, que nunca antes lhe parecera tão fria. Ao abrir a porta para o exterior, sentiu o seu corpo ser abraçado uma segunda vez nesse dia pela leve onda de frio e neblina que, por vezes, encobriam as madrugadas de Konoha. Não deveriam ser mais do que 5 horas naquele momento.

Meia hora mais tarde, depois de ter dado mais uma volta por Konoha (ainda na ânsia (falhada) de encontrar Kohaku) e ter revisto todos os locais que durante aqueles 8 anos a haviam ajudado a crescer, Sasunari encontrava-se à frente do portão principal de Konoha. Seikou ainda demorou algum tempo a aparecer, e quando o fez saudou Sasunari com uma leve vénia e um bom dia, que a rapariga educadamente imitou.

-Então e o Kohaku?
-Erm… Não acho que ele venha. – Declarou Sasunari a meia voz, sentindo um nó formar-se na sua garganta.
Seikou nada disse, limitando-se a baixar o rosto e a produzir um leve som indistinto. Ficaram bastante tempo em silêncio, esperando pela chegada do embaixador que iriam escoltar.
A chegada do embaixador passou despercebida a Sasunari. Apenas se deu conta de que ele já havia chegado quando viu Seikou inclinar-se de modo respeitoso. Quase sem pensar imitou-lhe o gesto profundo, esperando que a sua distracção não tivesse sido muito notória.

Quando Seikou lhe havia falado de um embaixador, Sasunari esperara ver um homem de meia idade, de cabelo grisalho e manchado, talvez com barba, olhos cansados… Mas o que se encontrava à sua frente estava muito longe do que ela imaginara. O embaixador era um rapaz jovem (provavelmente com não mais que 19 anos), com olhos e cabelos negros. O seu corpo encontrava-se encoberto por uma capa negra e longa. Em termos de altura, era alguns centímetros mais alto que Sasunari.

-Kogan-sama? – Inquiriu Seikou, ao que o jovem respondeu com um leve aceno afirmativo. O seu rosto, sereno e calmo, era definido por traços suaves e de aparência quase irreal. – Sou Seikou, e esta é Sasunari. Vamos acompanhá-lo até Tanzaku Gai.
-Pensava que viriam 3 pessoas. – Ripostou Kogan, não parecendo estar a queixar-se mas a constatar um facto.
-Também eu. – Sussurrou Seikou num tom baixo que apenas Sasunari conseguiu ouvir. – O terceiro elemento irá juntar-se-nos dentro de alguns quilómetros, se tudo correr em conformidade.

O rapaz de nome Kogan acenou, cerrando levemente os olhos com aquilo que aparentava ser deleite. Sasunari olhou Seikou com um olhar inquisidor. Terceira pessoa? Em que é que ele estava a pensar?
-Prossigamos, então. – Declarou Kogan num pedido demasiado delicado para alguém da sua aparência.

Com isto, Kogan atravessou o portão sem esperar pela sua guarda. Sasunari deixou-se ficar quieta, esperando por um movimento de Seikou, que no momento se encontrava a sussurrar algo a um dos Chuunins que estava de guarda ao portão.
-Contacta-a o mais rapidamente possível, ok? Preciso dela pronta dentro de algumas horas e à nossa espera no local que te indiquei. Compreendeste?
O Chuunin acenou levemente, desaparecendo em seguida num movimento rápido, ocultado por um punhado de folhas verdes. Sasunari ergueu uma sobrancelha. Teria ele ido avisar a terceira pessoa que Seikou referira há pouco?

-Tudo pronto, vamos embora. – Anunciou Seikou a Sasunari, dando-lhe uma palmadinha seca no topo da cabeça. A rapariga fechou os olhos com desagrado perante a acção do professor.

-Ah, antes de irmos… - Seikou deteve-se por momentos, puxando Sasunari por um braço até ambos estarem ao lado do posto de vigia do portão. – Eu… Tenho uma coisa para te entregar.
Sasunari olhou confusa para Seikou, sem entender o significado das suas palavras. O Jounin pegou em algo que havia deixado encostado no interior do posto de vigia e estendeu-o a Sasunari. A rapariga não reagiu imediatamente, ficando a admirar o objecto que Seikou lhe estendia.

Nas mãos de Seikou repousava um cabo fino de madeira, com tonalidades entre o laranja, amarelo e rosa. O extremo inferior era rematado com uma ponta aguçada, quase como uma lança. O extremo superior possuía uma pequena lâmina larga e extremamente afiada, com gume de ambos os lados. A unir a lâmina ao cabo encontrava-se um dragão verde, enrolado em volta do cabo. Sasunari sentiu o seu coração saltar algumas batidas ao olhar para aquele objecto, ao recordar tudo aquilo que ele representava. Tentou falar, mas não o conseguia fazer.

-Esta é a Naginata do teu antigo professor, Oushi. – Seikou interrompeu-se por momentos, observando a reacção da jovem. Sasunari instigou-o a falar com um aceno afirmativo, mas sem qualquer tipo de palavra. Continuava sem conseguir falar. – Ele pediu-me que lha guardasse dias antes de morrer, e informou-me que te tinha ensinado a combater com ela. Disse-me também que queria que ta entregasse assim que chegasse a altura correcta e… Acho que chegou essa altura.

Seikou estendeu-lhe a Naginata, esperando que ela lhe pegasse. Com as mãos a tremer ligeiramente, Sasunari acolheu o cabo polido e macio da arma nas suas mãos. Lembrava-se bem dos tempos em que ela e Oushi haviam treinado com aquela arma, da altura em que ele aceitara finalmente treina-la. E de como ele prometera estar do lado dela sempre que ela precisasse. Durante muito tempo, Sasunari achara que a morte de Oushi fora o quebrar da promessa feita por ele. Mas agora não conseguia pensar dessa forma. O facto de aquela arma, a primeira arma que Oushi lhe confiou e a única arma que ele utilizava constantemente em combate ter vindo parar às mãos dela parecia-lhe muito mais do que a mantenção dessa promessa.

-Vou-te deixar aqui por momentos. – Disse-lhe Seikou, afagando-lhe um dos ombros. Notava-se perfeitamente a comoção que a rapariga sentia no momento. – Quando te sentires em condições de vir, estou lá fora com o embaixador.

Com estas palavras, Seikou deixou Sasunari a sós com a Naginata. A rapariga respirava pesadamente, tentando controlar-se. Parecia que lhe acontecia tudo ao mesmo tempo. Primerio a missão, depois Kohaku, agora isto… Receava não conseguir aguentar com todas as emoções que começavam a invadi-la.
Apertou fortemente o cabo da naginata entre os seus dedos, surpreendendo-se mais uma vez com a leveza da arma. A forma como aquela arma a relembrava de Oushi era assustadora a ponto de a fazer sentir um aperto no peito. Mas era simultaneamente reconfortante. Era como ter uma parte dele novamente com ela.

Sasunari olhou para trás uma última vez, antes de atravessar o espaço que lhe daria acesso à primeira missão que fazia há já alguns anos. Inspirava calma e cautelosamente, admirando a frescura levemente nublada de Konoha. Ainda era cedo, e as pequenas aves que povoavam os arvoredos circundantes apenas agora haviam começado a acordar, enfeitando agora o ar com os seus chilreios infantis e melodiosos. Um suspiro saudoso escapou-lhe dos lábios. Sentia um aperto enorme no seu peito, e já não sabia se esse aperto se devia à ausência súbita de Kohaku ou ao sentimento tenebroso que lhe invadira a mente naquele momento

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